O tema trabalho do menor de idade gera debates acalorados em todo o país. Muitos desconhecem detalhes importantes da legislação e das exceções previstas em lei. Embora o Brasil proíba o trabalho de crianças, há aspectos curiosos e surpreendentes sobre como essa norma funciona na prática. Neste artigo, como advogado trabalhista, trago 5 curiosidades que vão mudar sua visão sobre o trabalho do menor de idade. Algumas delas podem até te surpreender.
Aliás, o tema surgiu da dúvida de um leitor. Por certo que, caso você queira propor o tema para os próximos artigos, nos envie sua sugestão por aqui.
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1. Nem Todo Trabalho Infantil é Ilegal – Existe uma Exceção Artística!
Apesar de o trabalho infantil ser, em regra, proibido para menores de 16 anos, a legislação brasileira abre uma exceção curiosa: crianças podem trabalhar em atividades artísticas, como teatro, televisão, cinema e publicidade — desde que com autorização judicial.
Essa autorização deve ser dada por um juiz da Vara da Infância e Juventude, e só é concedida quando fica comprovado que a atividade não compromete a saúde, a segurança ou o rendimento escolar da criança. Além disso, os pais ou responsáveis precisam acompanhar a atividade, e a empresa deve garantir condições seguras e horários compatíveis com a rotina da criança.
Curioso, né? Nem todo trabalho infantil está automaticamente fora da lei.
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2. Atividades Domésticas em Casa Não São Consideradas Trabalho Infantil
Muitos pais se preocupam com o que seus filhos podem ou não fazer dentro de casa. Mas aqui vai outra curiosidade: ajudar nas tarefas domésticas, como arrumar o quarto, varrer a casa ou lavar a louça, não é considerado trabalho infantil pela legislação.
Claro, desde que essas atividades não interfiram na educação, no descanso e na saúde da criança. O limite está na intensidade e na frequência. Quando a tarefa vira obrigação pesada ou impede que a criança brinque, estude ou descanse, aí sim pode configurar abuso.
Fato importante: educar com responsabilidade inclui ensinar colaboração sem sobrecarregar.
3. O Trabalho do Menor de 18 Anos Tem Restrições Específicas
Além da idade mínima de 16 anos para trabalhar (ou 14 como aprendiz), há uma proteção especial para adolescentes entre 16 e 18 anos. Mesmo que possam trabalhar, eles não podem ser expostos a atividades noturnas, perigosas ou insalubres.
Isso significa que menores de 18 não devem trabalhar em minas, construções de risco, postos de combustíveis ou com produtos químicos, por exemplo. E também não podem fazer hora extra ou trabalhar entre 22h e 5h.
Interessante, né? A lei protege o adolescente mesmo após ele “poder trabalhar”.
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4. O Brasil Tem um Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil
Você sabia que existe um dia dedicado exclusivamente a combater o trabalho infantil no Brasil? É o 12 de junho, data oficial para ações de conscientização em todo o território nacional.
Criado para alertar a sociedade sobre os prejuízos causados pelo trabalho precoce, o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil reúne escolas, empresas, ONGs e o poder público em campanhas educativas e atividades voltadas à proteção da infância.
Curiosidade que vale compartilhar: essa data é usada para pressionar o cumprimento da legislação e fortalecer os direitos das crianças.
5. O Brasil Já Reduziu o Trabalho Infantil Pela Metade, Mas Ainda Luta Contra o Problema
Nos últimos 20 anos, o Brasil conseguiu reduzir significativamente os índices de trabalho infantil, especialmente entre crianças de 5 a 13 anos. Programas sociais como o Bolsa Família, investimentos em educação e políticas públicas fizeram a diferença.
Mas ainda há desafios: segundo o IBGE, mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil em 2022. A maioria em zonas rurais e regiões mais pobres.
Um dado que choca: mesmo com avanços, o trabalho infantil ainda é uma dura realidade no Brasil.
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Conclusão: Informar é Proteger
Como vimos, o trabalho do menor de idade envolve mais nuances do que se imagina. Saber que existem exceções legais, como o trabalho artístico, entender as restrições para adolescentes e conhecer datas de mobilização nacional ajuda a formar uma sociedade mais consciente e protetora da infância.
A informação é uma das armas mais eficazes contra a exploração do trabalho infantil. Pais, educadores e cidadãos precisam estar atentos às regras, mas também aos sinais de que uma criança ou adolescente está sendo exposto a situações de risco.
Se você presenciar ou suspeitar de trabalho infantil, denuncie. Disque 100 ou procure o Conselho Tutelar. Sua atitude pode mudar uma vida.